A greve dos bancários prejudica o andamento de construções
do Minha Casa Minha Vida. Segundo o vice-presidente da área imobiliária do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André
Montenegro, algumas construtoras não estão recebendo o pagamento referente às
obras do programa de habitação do Governo Federal. Isso porque as medições,
vistorias mensais por parte dos bancos, estão suspensas.
É a partir dessas vistorias que o repasse dos recursos é
feito, o que não tem ocorrido em algumas construtoras cujo aniversário das
medições tenha coincidido com a greve. Montenegro afirma que o ritmo dos
trabalhos já diminuiu, e caso a situação não normalize ainda este mês, as obras
vão parar. “É impossível continuar sem recursos”, garante.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Caixa Econômica
Federal declarou que a greve não está prejudicando o repasse dos recursos, pois
há funcionários em regime de contingência garantindo o andamento dos processos.
Em nota ao O POVO, o banco declarou ainda que “em caso de eventual atraso do
laudo, estão autorizados pagamentos de parcela, desde que previstos no
cronograma contratado”.
Para o sócio da CRD Engenharia e diretor de Obras de
Interesse Social do Sinduscon, Clausens Duarte, a greve dos bancários está mais
severa este ano, e o regime de contingência dos funcionários não está
acontecendo. “Os grevistas estão fazendo piquete e colocando cadeados,
impedindo a entrada dos funcionários nos locais. Assim, estão impedindo que os
pagamentos aconteçam”, afirma.
Atraso
Ele diz que uma das obras do Minha Casa Minha Vida de
responsabilidade da CRD Engenharia já está com o pagamento atrasado. Segundo
Clausens, caso a greve perdure por mais três semanas, os pagamentos dos
funcionários será prejudicado. Caso isso ocorra, a intenção da empresa é
negociar o pagamento dos trabalhadores, evitando o atraso na obra. Outro
empreendimento da construtora, fora do programa federal, também não recebeu os
recursos. “Não prejudica só o Minha Casa Minha Vida, é um problema generalizado”.
Roberto Studart, sócio da Engeplan Engenharia, afirma que a
construtora consegue contornar o cenário da greve. “Embora haja certa demora na
entrada da receita, existe uma estrutura que sustenta”. Segundo ele, os
pagamentos do MCMV referentes ao mês passado já entraram, e os pagamentos deste
mês ainda serão verificados. Ele explica que teve sorte porque as medições na
construtora não coincidiram com a greve.
Setor imobiliário
Por serem negociações planejadas, os corretores e o setor de
habitação estão confiantes de que a greve não prejudicará as vendas de forma
significativa. Para Apolo Scherer, presidente do Conselho Regional de
Corretores de Imóveis do Ceará (Creci– CE), entre 10% e 20% das atividades do
setor ficam paralisadas. Porém, ele diz, os clientes continuam com a pretensão
da compra e por isso os corretores “se mantém tranquilos”.
Segundo Sérgio Porto, presidente do Sindicato de Habitação
do Ceará (Secovi-CE), a expectativa é de que os compradores que precisam ter
empréstimo e crédito aprovados não desistam das compras. Porém, lamenta que o
surgimento de novos negócios seja impossibilitado, já que não há como assinar
os contratos.
Fonte: O Povo