A questão de habitação no Brasil ainda representa um desafio
para a política brasileira. Com décadas sem programas de incentivo no segmento,
o país acumulou um déficit habitacional gigantesco entre as famílias mais
pobres, que buscaram alternativas com construções informais em áreas
periféricas e morros. A criação do programa Minha Casa, Minha Vida, em 2009,
tenta reverter esse quadro, construído com anos de inexistência de políticas
públicas no setor de habitação. O benefício, que já investiu R$ 198,6 bilhões,
equivalente a três milhões de unidades habitacionais desde sua criação, promete
construir aproximadamente 700 mil moradias para 2014. No entanto, mesmo
representando novo fôlego para o acesso à casa própria, especialistas afirmam
que o programa deve exercer alguns reajustes na sua execução.
Para 2014, o Ministério das Cidades prevê investimento de
aproximadamente R$ 30 bilhões no programa. Ao surgir em 2009, o programa foi
tido como o primeiro de habitação federal desde 1986, após o fim do Banco Nacional
de Habitação (BNH), voltado para o financiamento e produção de empreendimentos
imobiliários. Hoje, mesmo com a atuação do recurso, que já garantiu residência
a mais de 1,4 milhão de famílias, o déficit habitacional no Brasil equivale a
6,94 milhões de domicílios, de acordo com o Censo 2010, o que representa um
longo caminho a ser percorrido para sanar o problema.
O presidente do Instituto Brasileiro de Arquitetos do Rio de
Janeiro (IAB-RJ), Pedro da Luz Moreira, exalta o programa, que tem conseguido
atingir as famílias que mais sofrem com o déficit habitacional: com renda entre
0 e 3 salários mínimos. Essas famílias, que garantiram suas moradias de maneira
informal, agora podem ter acesso à habitação própria formalizada.
“O programa "Minha Casa, Minha Vida" tem grande
mérito. Com a extinção do BNH em 1986, de lá pra cá o país não tem tido, do
ponto de vista de articulação nacional, um programa habitacional. Tem o mérito
de tentar recriar essa política habitacional. Todos sabemos as faixas onde estão
concentrados os déficit habitacionais: nas famílias que ganham de 0 a 3
salários mínimos, que são as mais frágeis em acessar o mercado formal. Não são
atendidas pelo mercado formal, se viram de outra maneira, através da
autoconstrução, nas favelas. O programa tem esse mérito. É um programa que todo
país desenvolvido no mundo teve”, elogia.
O programa atua de forma nacional, com impacto significativo
em todos os estados brasileiros. O que mais recebeu unidades habitacionais foi
o estado de São Paulo, com 559.985 casas, seguido por Minas Gerais, Bahia, Rio
Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Somadas, as unidades dos seis estados
equivalem a um investimento superior a R$ 115 bilhões, recursos repassados
diretamente às empresas, e não para os entes públicos. Roraima, estado
contemplado com o menor número de unidades, recebeu 8.370 residências do
programa, no valor total de mais de R$ 432 milhões.
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Fonte: Jornal do Brasil