A construção de um grande empreendimento do programa
habitacional do Município está dando oportunidade de trabalho para presos que
cumprem pena em regime semiaberto. Nas obras dos Residenciais Aroeira e Imbuia,
no Santa Cândida, são 25 detentos, que ao invés de passarem o dia na Colônia
Penal Agrícola de Piraquara exercem
diferentes funções no canteiro.
“Este projeto auxilia no processo de ressocialização dos
presos. Além de reduzir a pena, ocupa um tempo que seria ocioso, possibilita
uma qualificação profissional e ajuda no sustento da família. É uma forma
desses cidadãos resgatarem a dignidade e o convívio social”, afirma o
presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Ubiraci
Rodrigues.
A possibilidade de proporcionar trabalho para os detentos é
possível graças a uma parceria da construtora responsável pela obra com a
Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju). Na
colônia penal, os detentos passam por uma triagem psicológica e os considerados
com menor grau de risco ganham liberação para trabalhar nas obras. A cada três
dias trabalhados, o preso reduz um dia da pena. Além disso, recebe 75% de um
salário mínimo.
Aos participantes não é exigida experiência na função.
“Alguns já vêm com experiências anteriores de trabalhos na construção civil,
mas a maioria não. Então eles participam de treinamentos no próprio canteiro,
para em seguida começarem a trabalhar. O rendimento deles é ótimo, pois
valorizam bastante a oportunidade”, explica Marilis Kuligoski, coordenadora de
recursos humanos da construtora responsável pela obra.
A empresa garante o transporte e a alimentação dos apenados.
No canteiro de obras eles se misturam aos outros operários, sem nenhum tipo de
distinção. Para evitar tentativas de fuga, são feitas no mínimo três chamadas
diárias. “Nesta obra são 250 operários, dos quais 10% são os apenados. Todos
são tratados da mesma forma, fator que eleva a autoestima dos detentos”, conta
Marilis.
Recomeço
Roberto*, de 33 anos, está trabalhando no canteiro de obras
há sete meses. Por ter praticado um assalto ele já cumpriu nove anos em regime
fechado e ainda faltam dez meses no semiaberto. Arrependido, ele se esforça no
trabalho de azulejista e já projeta uma nova vida após deixar a prisão. “Agi
muito errado, acabei comprando a ideia ruim de outros e estou pagando por isso.
Aqui trabalho para me regenerar, voltar a ter uma vida normal. Quando acabar a
pena eu vou ter uma profissão”, afirma.
Entre os 25 apenados que trabalham na obra também há
mulheres. Pamela, 28 anos, foi presa por tráfico de drogas. Há dois meses
trabalhando com limpeza na obra, ela garante que a ocupação está melhorando
seus pensamentos. “Aqui a gente aprende a dar valor ao trabalho. Não quero mais
saber de crime. Quando eu sair, quero trabalhar direitinho”, diz.
Mais novo no canteiro é Maurício, de 32 anos, trabalhando na
obra há somente uma semana. Autor de homicídio, cumpriu três anos em prisão
fechada. Agora ele quer esquecer o passado e o serviço de limpeza tem ajudado
em seu objetivo. “Vir para a obra é muito melhor do que ficar lá na colônia.
Aqui ganho salário e o tempo passa mais rápido. Sem falar na comida que é muito
melhor. Também gosto do passeio de ônibus, só quem já foi preso sabe o que é
ficar sem ver a rua”, ressalta.
* Para proteger a
identidade dos trabalhadores, foram
utilizados nomes fictícios.
Fonte: Paraná Online
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