Desigualdade de patrimônio imobiliário cai e satisfação com
moradia sobe nos últimos anos
Em uma escala de 0 a 10, beneficiários do Minha Casa, Minha
Vida (MCMV) atribuíram nota média de 8,8 à sua satisfação com a moradia
adquirida por meio do programa. A avaliação é parte de uma pesquisa de campo
realizada pelo Ministério das Cidades e o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) em uma amostra de 7.620 domicílios financiados pelo MCMV. Os
primeiros resultados foram divulgados nesta quinta-feira (14/11) pelo ministro
das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e pelo ministro da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri.
Neri detalhou alguns resultados da pesquisa com
beneficiários do MCMV e apresentou análises a partir de microdados de outras
bases, como um levantamento sobre estoques de riqueza do Sistema de Indicadores
de Percepção Social (Sips/Ipea), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD/IBGE) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE). Segundo as análises
do Ipea, a desigualdade de patrimônio imobiliário caiu e a satisfação com a
moradia aumentou no Brasil nos últimos anos.
Os beneficiários do MCMV disseram comprometer 19,1% de sua
renda com a moradia e avaliaram sua própria satisfação com notas médias de 7,9
para o custo das prestações, 8,1 para o entorno de suas residências e 8,6 para
seu aumento de bem-estar. O percentual de pessoas autodeclaradas pretas ou
pardas foi maior na pesquisa com domicílios do MCMV (64,5%) do que na população
brasileira segundo a PNAD/IBGE (50,7%).
Como em outros países, os imóveis são o principal ativo em
que as famílias brasileiras acumulam riqueza. Segundo estimativas a partir de
dados de 3.800 domicílios da pesquisa Sips/Ipea, o estoque de capital mantido
pelas famílias brasileiras na forma de imóveis ficava ao redor de R$ 4,17
trilhões em abril de 2013. Outra estimativa, a partir de microdados da
PNAD/IBGE, mostrou que o valor imputado das moradias alcançava valor
semelhante, de cerca de R$ 4,29 trilhões, em outubro de 2012.
O segundo método de estimação parte de uma série de
características observáveis na PNAD/IBGE (propriedade fundiária, número de
cômodos, quartos e banheiros, materiais de chão, teto e parede, localização
geográfica, acesso a serviços públicos diversos e outras), seus respectivos
impactos sobre os valores de aluguel reportados e a relação média entre aluguel
e valor de imóvel. Com isso, foi estimado o valor de mercado de cada domicílio
de 2002 a 2012. O capital residencial per capita subiu 39,4% desde 2003, ano de
criação do Ministério das Cidades, sendo 19,6% desde 2009, quando o programa
MCMV começou a ser executado.
Entre 2002 e 2012, os valores dos serviços de moradia
utilizados por quem possui casa própria cresceram 36% na metade inferior da
distribuição de renda e 31% no segmento dos 40% intermediários, mas caíram 15%
entre os 10% mais ricos. A valorização relativa da casa própria dos mais pobres
fez com que as diferenças das condições de moradia caíssem mais nesse período
do que a desigualdade de renda: 16,7% de efeito casa própria contra 10,2% de
efeito equidade de renda.
Em paralelo à inclusão imobiliária, o valor médio estimado
de uma casa própria com as mesmas características subiu 26,1% acima da inflação
entre 2003 e 2012. Em termos regionais, o valor dos imóveis cresceu 5,4% mais
no Nordeste do que no Sudeste.
A satisfação dos brasileiros com suas moradias também
melhorou. Segundo a POF/IBGE, 15,1% dos brasileiros diziam habitar moradias
ruins em 2003, proporção que caiu para 10,6% em 2009. Na Sips/Ipea de 2013, que
replica a mesma pergunta, 6,9% disseram viver em habitações ruins, sendo 9,3%
no quarto mais pobre da distribuição de renda e 2,3% no quarto mais rico.
Curiosamente, a Sips/Ipea mostra uma grande discrepância
entre as avaliações dos entrevistados sobre suas próprias casas e sobre as
condições gerais de moradia dos brasileiros, consideradas ruins por 49% dos
entrevistados. De forma inversa ao que ocorre na avaliação da própria casa, a
percepção sobre as moradias brasileiras é pior no quarto mais rico (em que
56,7% as consideram ruins) do que no quarto mais pobre (46,5%) da distribuição
de renda.
Os resultados da Sips/Ipea mostram ainda que os níveis de
felicidade pessoal são maiores entre os que avaliam ter condições de moradia
boas (7,0) do que entre os que as consideram apenas satisfatórias (6,7) ou
ruins (5,5). Também são maiores as notas de felicidade de quem reside em imóvel
próprio, quitado (6,9) ou ainda sendo pago (6,8), do que as de quem mora em
imóvel alugado (6,6) ou cedido (6,3).
Fonte: O Serrano
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