Ipiranga com São João. Marco da cidade de São
Paulo, o entorno do cruzamento das avenidas que se tornaram o símbolo da
pujança da cidade nas décadas de 60 e 70 - e inspiraram "Sampa", uma
das mais famosas canções sobre a capital paulista -, deu lugar hoje a um
cenário de degradação e imóveis considerados subaproveitados.
A área é um dos alvos de uma Parceria
Público-Privada (PPP) para a construção de 20,2 mil unidades habitacionais. O
projeto do governo do Estado de São Paulo, em parceria com a prefeitura paulistana,
é uma tentativa de trazer novos moradores para o centro da cidade, que perdeu
quase 100 mil habitantes nos últimos 30 anos.
Além da migração, a região abriga galpões, antigas
fábricas abandonadas, terrenos baldios e prédios sem ocupação que, agora, devem
se transformar em condomínios que abrigarão, no mesmo espaço, comércio e
residências para pessoas de baixa e média renda. A reocupação do centro está
baseada em um modelo de "ocupação mista". Além de misturar comércio e
residências no mesmo prédio, famílias com renda até três salários mínimos, e
outras com até 16 mínimos de renda familiar, partilharão o mesmo condomínio.
A ação é pioneira e terá o desafio de viabilizar a
primeira PPP habitacional do país, em uma região que recebeu, nos últimos dez
anos, apenas 7 mil moradias construídas pelo poder público. Coordenado pela
Casa Paulista, agência de fomento de habitação social do Estado, o projeto
custará R$ 4,6 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões da iniciativa privada, R$ 1,6
bilhão do governo do Estado e R$ 404 milhões da prefeitura de São Paulo.
A intenção, segundo o secretário estadual de
Habitação, Silvio Torres, é induzir a ocupação do centro e fazer com que outras
empresas invistam no entorno dos imóveis que serão construídos ou reformados.
"Em breve o centro terá novos moradores. Estamos incentivando a construção
para a baixa renda, já que outras faixas conseguem ter acesso à região",
diz o secretário.
A subprefeitura da Sé concentra 17% dos empregos de
São Paulo e apenas 3% dos moradores da cidade, o que justifica a
"necessidade de ocupação" da região, diz Torres. A maior parte das
intervenções será feita ao longo de linhas de trem existentes na região e de
grandes avenidas centrais, que, no passado abrigaram fábricas. Desativadas,
deixaram espaços vazios ou subutilizados.
A administração municipal pegou "carona"
na PPP habitacional após o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT),
abandonar o projeto Nova Luz, elaborado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD),
que previa intervenção na região de Santa Ifigênia por meio de concessão de
espaços para empresas.
O quadrilátero que seria atendido pelo Nova Luz não
fazia parte dos estudos pedidos pelo governo do Estado para a PPP da habitação,
já que seriam atendidos pelo projeto da prefeitura. A alteração deve vir no
período de consulta pública, quando a nova administração municipal pedirá a
inclusão da área, segundo o subsecretário da Casa Paulista, Reinaldo Iapequino.
A partir da publicação do edital do projeto,
previsto para as próximas semanas, o processo de desapropriação dos imóveis já
deve ser adiantado pelo governo do Estado para tentar acelerar a construção das
novas moradias.
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Fonte:
Valor Econômico, Guilherme Soares Dias