Adoção do programa como política de
Estado e não mero programa de governo foi defendida pelas lideranças do setor
imobiliário que participaram de palestra técnica na sexta-feira, 20/9,
penúltimo dia da Convenção Secovi.
O presente e o futuro do programa
Minha Casa, Minha Vida foram temas de palestra técnica realizada em 20/9,
durante a Convenção Secovi 2013. O vice-presidente de Habitação Econômica do
Secovi-SP, Flávio Prando, comandou os trabalhos e chamou atenção para a
importância de que o MCMV seja efetivamente um programa de Estado, e não apenas
uma política habitacional desenvolvida pelo governo de turno.
Em sua exposição, José Urbano Duarte,
vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal demonstrou que o programa
está seguindo uma curva de crescimento constante – hoje, em um mês, se faz mais
do que tudo que foi realizado durante 2002, 2003 e 2004. “Em 2013, estamos com
96 bilhões de reais contratados até sexta-feira, 13/9. E, até o final do ano, o
total de contratações deverá ser 25% maior que em 2012”, afirmou.
Na avaliação do executivo da Caixa, a
inadimplência baixa garante sustentabilidade ao programa. Ele também assegura
que existe margem para o programa crescer muito mais: o crédito imobiliário
equivale atualmente a 7,7% do PIB brasileiro, enquanto no Reino Unido, por
exemplo, essa correspondência é de 84%.
Outro ponto para o qual Urbano chamou
atenção foi a tendência do MCMV focalizar, cada vez mais, a faixa 1 de
financiamento – isto é, a camada da população que percebe até três salários
mínimos ao mês. “Esta era, desde o início, a premissa do programa”, disse.
Assim, em 2011, 22,7% das contratações pertenciam à faixa 1; hoje, são 57,4%.
Ele observou também que o Estado de São Paulo responde por 1/3 das propostas
recebidas este ano pela Caixa, dentro do MCMV2. “Estamos indo bem”, comemorou.
Mas tirou esperanças do público presente de ter acesso a informações mais
privilegiadas sobre o que se espera para a próxima etapa: “Não vou falar de
tabela price”, declarou, categórico.
Pesquisa - Na sequência, o Painel foi
capitaneado pelo economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. “Não estou
trazendo dados novos, e sim uma pesquisa efetuada por SindusCon-SP e CBIC com
apoio do Secovi-SP, que permitiu apontar os gargalos do MCMV, informou.
Realizada em mais de 10 unidades
federativas, com empresas atuantes em todas as regiões do País, a pesquisa
revela que os entraves mais importantes ao programa – dentre muitos outros –
são a escassez de terrenos, as complicações inerentes aos processos de
aprovação junto aos órgãos estaduais e a falta de mão de obra qualificada.
Petrucci mostrou que as empresas pesquisadas consideram o MCMV “muito
importante” (62%), e a dificuldade para operar com o programa está dentro da
média.
Ressaltando a importância da Caixa no
universo do crédito imobiliário (ela engloba nada menos que 75% do total de
financiamentos), Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, questionou a
opção do agente em focalizar excessivamente a faixa 1. “Poderia ser interessante
dar mais oportunidades de financiamento para este público. É fundamental que o
Governo reavalie essa questão de renda”, pontuou. “As faixas 2 e 3 adquirem
imóveis que são fortes geradores de tributos”, reforçou Prando.
Watanabe, Prando e José Carlos Martins,
vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), foram
enfáticos na defesa de que o MCMV deve ser perenizado. Maria do Carmo Avesani,
do Ministério das Cidades, também participou do painel.
Fonte: Secovi.com.br