O maior apetite dos bancos privados e do Banco do Brasil
pelo crédito imobiliário ainda não ameaçou a liderança que a Caixa Econômica Federal
tem no segmento, mas tem encurtado a distância no ranking. Em 2013, o banco
público registrou participação de 41,6% nos financiamentos habitacionais
originados com recursos da poupança (SBPE) - o que exclui o Minha Casa, Minha
Vida, em que os privados não atuam. O segundo lugar, o Itaú Unibanco, tem
apenas 15%. Os dados são da Abecip e foram obtidos pelo Valor com o mercado.
Embora a Caixa ainda seja o principal nome da modalidade,
houve um tempo em que liderava com mais folga. Em agosto de 2012, quando bateu
recorde de desembolsos, sua fatia foi de impressionantes 55%. Pelas contas da
Caixa, que englobam universo mais amplo de operações com o MCMV, a participação
caiu de 56% em 2012 para 50,3% em 2013.
"Não é algo que nos preocupa e é natural que o líder
perca mais. Era utópico pensar em manter mais de 50% de participação",
afirma o diretor executivo de habitação da Caixa, Teotonio Rezende. Em 2013, a
Caixa liberou R$ 134,9 bilhões em crédito imobiliário, com crescimento de cerca
de 20%, puxado pelo programa habitacional do governo. A expectativa é de um
crescimento entre 15% e 20% neste ano.
Parte desse espaço foi perdido para outro banco público, o
Banco do Brasil, que registrou 12,6% de participação em 2013 nos desembolsos do
SBPE. O BB só passou a dar mais atenção ao crédito imobiliário em 2011, e tem
avançado sobre outra seara antes praticamente exclusiva da Caixa: o MCMV, que
usa recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "Começamos
no Minha Casa em 2012 e vamos seguir ganhando participação no produto",
afirma o diretor de Crédito Imobiliário do banco, Hamilton Rodrigues.
"Nós "emprestávamos" nossos cliente para
outros bancos na hora do crédito imobiliário. Só que essa é uma operação que
fideliza e é rentável no longo prazo", afirma Rodrigues. "A tendência
é continuarmos a ganhar espaço."
Chama atenção outro contraste na divisão do mercado. O
segundo colocado, o Itaú, é o que tem as maiores taxas entre os cinco maiores,
considerando o ranking do BC. O banco cobra 10,76% ao ano na modalidade. Embora
não comente, uma das possibilidades é que a fama de ter uma das aprovações mais
rápidas do mercado contribua para essa posição. O banco também tem parcerias
com as imobiliárias Lopes e Coelho da Fonseca, e costuma financiar imóveis de maior
valor.
A demanda da pessoa física começou acelerada neste ano,
segundo Gilberto Abreu, diretor executivo de negócios imobiliários do
Santander. Para 2014, a Abecip, associação do setor, espera avanço de 15% nos
recursos desembolsados na modalidade.
Fonte: ABBC – Associação Brasileira de Bancos