A habitação continua sendo o carro-chefe dos empreendimentos
destinados à correção do déficit de serviços essenciais na Região Metropolitana
de Fortaleza. Atualmente, faltam-lhe 100 mil unidades residenciais para os
trabalhadores com faixa de renda de até três salários mínimos.
Essa carência se observa nas demais regiões do País, em que
há as maiores concentrações urbanas. A dificuldade, apurada pelos órgãos de
pesquisa do governo, residiria na ausência de gestão habitacional efetiva no
âmbito municipal. As Prefeituras, sem recursos para financiar seus
investimentos, não evoluem no mesmo ritmo das ofertas do programa da casa
própria.
Esse descompasso causa sempre déficit crescente de moradia
pela presença cada vez mais constante, nas cidades, de grupos migrados nas
zonas rurais. O campo passou a ser a última opção de vida para os trabalhadores
sem terra, para os pequenos agricultores e para os grupos mais antigos,
beneficiados pela aposentadoria rural.
Nas pequenas e médias cidades, o trabalho avulso tem sido o
único caminho para a sobrevivência dos migrantes, acomodados em habitações
insalubres, carentes de serviços básicos como água potável e esgotamento
sanitário. Pelo programa Minha Casa, Minha Vida, os administradores locais,
beneficiados com linhas de financiamento de moradias para o público de baixa
renda, são obrigados a contribuir com uma cota-parte no planejamento dos
imóveis.
Essa contrapartida pode variar entre o terreno onde as casas
serão localizadas ou os equipamentos comunitários, como creches, escolas,
postos de saúde, unidades de convivência vicinal e praças de esporte. Os
pequenos municípios, com seus orçamentos comprometidos, geralmente encontram
dificuldades em fazer cumprir esses encargos.
Em razão dessas dificuldades, as empresas construtoras,
contratadas para a execução das obras, terminam por assumir vários dessas
obrigações. Entretanto, a falta de infraestrutura adequada e o elevado custo
para ser bancada pelos empreiteiros têm inviabilizado muitos empreendimentos
urbanos.
Em 2008, o déficit habitacional na Região Metropolitana de
Fortaleza chegava a 104 mil residências. Desse total, apenas 5.720 se referiam
à carência de moradias para trabalhadores com renda acima de três salários
mínimos. Para combater o déficit acumulado, foram contratadas 18 mil moradias
até 2012, segundo as estatísticas do Ministério das Cidades, sendo 4.852
habitações com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e
13.154 pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).
A produção habitacional tem nos preços dos terrenos urbanos
seu impedimento maior. A retomada do programa habitacional, com a abertura de
diversas linhas de empréstimo, elevou consideravelmente os valores dos imóveis
disponíveis. Esse fato e os custos de produção em escala ascendente se refletem
diretamente no preço final das casas, inviabilizando maior número de
financiamento por incompatibilidade da renda.
A entrada do Banco do Brasil no financiamento habitacional
começa a dar sinais de novos tempos na oferta de moradias. Fortaleza pode ser
beneficiada, neste segundo semestre, com a produção de 20 mil habitações para o
grupo de baixa renda. Esse plano não pode ter interrupções a médio prazo, se não
o déficit habitacional jamais será contido. A casa própria oferece ao mutuário
estabilidade para a família, melhores condições de vida e a garantia de um bem
de raiz.
Fonte: Diário do Nordeste
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