Desse volume, 40% veio da valorização do preço dos imóveis e
os outros 60% da quantidade financiada, que aumentou 17%.
Márcia De Chiara
Pela primeira vez o crédito imobiliário com recursos da
caderneta de poupança superou a marca de R$100 bilhões em 2013 e a expectativa
traçada para o setor. No ano passado, foram emprestados R$109,2 bilhões para o
consumidor comprar a casa própria e as construtoras erguerem os edifícios. A
cifra é 32% maior do que em 2012, segundo a Associação Brasileira das Entidades
de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Cerca de 40% desse crescimento veio da valorização dos
preços dos imóveis e 60% da quantidade financiada, que aumentou 17% e somou
529,7 mil unidades. "Esse resultado é emblemático, um recorde histórico em
45 anos de crédito imobiliário", afirma o presidente da Abecip, Octavio de
Lazari Junior. Ele destaca que o desempenho do crédito imobiliário destoa das
demais carteiras de financiamento e que pela primeira vez, em agosto de 2013, o
saldo total do crédito imobiliário passou o do crédito pessoal.
Lazari Junior conta que a expectativa inicial era obter um
crescimento entre 15% e 20% no total emprestado para compra de imóveis em 2013,
depois do pífio crescimento de 2012 de 3,6% sobre o ano anterior. Mas o
desempenho do ano passado surpreendeu e foi puxado pela fatia do crédito
destinado às construtoras, que cresceu 15% e somou R$ 32,2 bilhões. Em 2012, o
financiamento para construtoras teve retração de 20% sobre o ano anterior.
"Houve um freio de arrumação em 2012,comas construtoras colocando a casa
em ordem e revendo os lançamentos." Depois desse ajuste, o segmento
empresarial retomou e acelerou o ritmo de empréstimo.
Do lado do consumidor, a demanda por crédito continuou firme
em 2013, cresceu 41% e atingiu a marca de R$ 76,9 bilhões, após ter avançado
22% em 2012.
Para este ano,o presidente da Abecip espera um crescimento
de 15% no total das cifras emprestadas, impulsionado pela demanda de
financiamentos dos consumidores, que deve ter alta de 30%. Já a procura de
crédito para construtoras deve aumentar menos este ano, entre 10% a 12%, prevê
Lazari Junior. Ele explica que a construção civil tem um ciclo de produção longo
e, por isso, os lançamentos não devem se manter no mesmo ritmo.
PILARES
O desempenho do crédito imobiliário ocorrido no ano passado
superou as expectativas porque os pilares que sustentam a demanda por crédito
se mantiveram fortes: o desemprego e o medo do desemprego ficaram em baixa e a
inadimplência também. Além disso, o rendimento real do trabalhador cresceu. Nem
mesmo o avanço da taxa básica de juros, a Selic, em alta desde abril do ano
passado, encareceu os financiamentos imobiliários, que têm 60% dos recursos
provenientes da caderneta de poupança.
O presidente da Abecip lembra também que os bancos deram
prioridade ao crédito imobiliário no ano passado, porque esse financiamento
fideliza o cliente e tem uma inadimplência muito baixa (1,8% dos créditos a
receber, ante 5,3% de veículos). O resultado dessa combinação de fatores é que
o crédito imobiliário cresceu de forma sustentada, diz Lazari Junior.
Nos últimos anos, a principal dúvida que havia no setor era
se a caderneta de poupança teria fôlego para bancar a demanda por crédito. A
boa surpresa veio da caderneta de poupança que encerrou o ano passado com um
saldo recorde de R$ 467 bilhões, 20% maior que em 2012. A captação líquida
aumentou 46%. "Temos recursos até 2015 para financiar o crédito
imobiliário sem preocupação."
Fonte: ABECIP