Brasília – O superintendente nacional de Habitação da Caixa
Econômica Federal, Roberto Carlos Ceratto, disse que a Caixa reforçou a
fiscalização sobre os empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida para
evitar problemas na qualidade das construções. A informação foi divulgada hoje
(3) durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara
dos Deputados para tratar irregularidades nos conjuntos habitacionais do
programa do governo.
Entre as medidas adotadas pelo banco estão a criação de um
canal de atendimento exclusivo para falar com beneficiários do programa e um
cadastro negativo de construtoras. Criado em março, o canal para falar com
beneficiários do Minha Casa, Minha Vida acumula 36 mil ligações este ano. De
acordo com a instituição, 61% delas destinou-se à solicitação de informações e
apenas 7% foram para relatar danos físicos nas unidades habitacionais.
A partir das queixas feitas pelo canal, os responsáveis pela
construção dos imóveis têm cinco dias para sanar o defeito alegado pelo
comprador. Caso contrário, são incluídos no cadastro e impedidas de contratar
com o governo até resolverem o problema. Atualmente, 169 empresas e pessoas
físicas integram o cadastro negativo. O número para entrar em contato com o
canal de atendimento é 0800 721 6268.
Durante a audiência, o superintendente também respondeu a
perguntas dos parlamentares sobre casos problemáticas vinculados ao programa.
Segundo ele, estão sendo feitas as obras necessárias em Duque de Caxias (RJ),
onde uma enchente em março danificou casas dos condomínios Santa Helena e Santa
Lúcia. De acordo com Ceratto, as unidades habitacionais na região sofreram
"pequenos danos de fissuras, trincas e nas portas e a empresa está no local
tomando as providências".
Ceratto disse que os pagamentos das prestações pelas
famílias afetadas, remanejadas para abrigos, estão suspensos até que os imóveis
sejam recuperados. "Em uma noite, choveu 15%, 16% da chuva de um ano [em
Duque de Caxias]. Atingiu o bairro como um todo e não apenas o empreendimento
da Caixa. Temos todas as licenças ambientais. Não temos como prever
determinadas situações", disse.
No entanto, o subsecretário de Habitação de Duque de Caxias,
Kelson Senra, disse que a área sofre com inundações "constantemente"
e que o problema somente se agravou em função da força das chuvas recentes.
"O pessoal mudou em maio e ocorreram três ou quatro inundações. [O local]
tem problemas de drenagem e abastecimento de água. As intervenções necessárias
são estruturais, do governo do estado", disse, que pediu apoio do governo
federal e da Caixa para que os órgãos estaduais façam as obras necessárias.
Outras situações comentadas por Ceratto foram a do entorno
do Distrito Federal, onde a contratação de financiamentos pelo Minha Casa,
Minha Vida está suspensa desde março em razão de problemas no abastecimento de
água; e a do município de São José de Ribamar (MA), onde casas do programa
foram invadidas. No primeiro caso, o financiamento voltou a ser autorizado, mas
agora é exigida documentação da concessionária Saneamento de Goiás (Saneago)
atestando a viabilidade do abastecimento.
De acordo com o superintendente, de 35 mil contratos da
região analisados pela Caixa, 26 mil foram feitos com pessoas físicas, o que
poderia explicar os problemas no fornecimento de água. "Muitas vezes são chácaras que a pessoa
loteou sem fazer nenhuma melhoria", disse. Com relação ao Maranhão, ele
citou a desocupação das casas invadidas feita pela Polícia Federal e disse que
é negociado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para isentar os
beneficiários de baixa renda do pagamento do Imposto sobre a Transmissão de
Bens Intervivos (ITBI).
Os parlamentares também fizeram perguntas sobre
irregularidades na seleção de beneficiários. De acordo com a diretora do
Departamento de Produção Habitacional do Ministério das Cidades, Maria do Carmo
Avesani, a seleção das famílias é atribuição do município. "Do ponto de
vista de controle, temos cruzamento de informação, mas só de quem tem salário
formal", explicou. De acordo com ela, o ministério faz estudos para
desenvolvimento de um software que ajude as prefeituras a melhorarem o processo
de seleção.
Fonte: EBC
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